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Maria

 Os cristãos, e de modo particular os católicos e os ortodoxos, dedicam uma atenção muito especial à Virgem Maria, não só na sua oração ou devoção pessoal, como também na celebração litúrgica. 
Os últimos documentos do magistério e da liturgia, purificando-a e enriquecendo-a ao mesmo tempo, renovaram a linguagem mariana: o Concílio, com os documentos sobre a liturgia, Sacrosanctum Concilium, e sobre a Igreja, Lumen gentium; mais tarde, em 1974, a Marialis cultus, de Paulo VI, e, em 1987, a Redemptoris Mater, de João Paulo II; e também os livros litúrgicos renovados, com os seus novos textos. 
Celebra-se a memória da Virgem Maria, ao longo do Ano Litúrgico, porque Ela esteve sempre unida a seu Filho, na obra da Redenção, que ocupa o lugar central de toda a celebração cristã: «Neste cíclo anual da celebração dos mistérios de Cristo, a Santa Igreja venera com amor especial a Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, indissoluvelmente unida à obra de salvação do seu Filho; admira e exalta o fruto mais excelso da Redenção e contempla com alegria, como numa imagem puríssima, o que ela mesma, toda ela, deseja e espera ser» (SC 103). 
Aqui, aparecem os dois motivos fundamentais deste culto à Virgem: embora o centro da nossa fé e da nossa celebração seja Jesus Cristo, mas como sua Mãe, pelo desígnio de Deus, esteve indissoluvelmente unida a Ele em todo o caminho da nossa salvação, e recordamo-la também ao lado de Jesus. Além disso, ela é a melhor imagem da própria Igreja no seu caminho de fé e destino de glória. 
Foi o Concílio de Éfeso (431) que deu o impulso decisivo ao culto de Maria, como «Theotokos, Mãe de Deus». Depressa apareceu na liturgia romana a primeira festa mariana, que agora voltamos a celebrar em 1 de Janeiro – Santa Maria, Mãe de Deus. No Oriente (Jerusalém, século V), celebrava-se a Assunção de Maria (a «Dormição»), que rapidamente passou também ao Ocidente. Posteriormente, foram-se introduzindo, quase sempre por iniciativa do Oriente, as festas da Anunciação, da Apresentação e da Natividade de Maria (séculos VI-VII). 
Segundo a atual reforma do Calendário, o tempo mariano por excelência é o Advento e o Natal, como ensina Paulo VI (cf. MC 4): ela foi a que melhor esperou, deu à luz e mostrou o Salvador do mundo, seu Filho. 
Mas, além disso, celebramos quatro solenidades marianas: a Imaculada (8 de Dezembro), a Maternidade Divina (1 de Janeiro), a Anunciação do Senhor (25 de Março) e a Assunção (15 de Agosto); e três festas: a Apresentação de Jesus (2 de Fevereiro), a Natividade de Maria (8 de Setembro), a Visitação a Isabel (31 de Maio). Em cada país, além disso, e em cada localidade ou família religiosa, há festas marianas com categoria de solenidade ou festa. Existem também outras memórias, algumas delas muito recentes na história, como a do Rosário, das Dores, do Carmo, Maria Rainha, Coração Imaculado, etc. 
Na celebração da Eucaristia de cada dia, recorda-se a Virgem, na Oração Eucarística, e, muitas vezes, no ato penitencial («Confesso… E peço à Virgem Maria…») e no Credo («nasceu da Virgem Maria»). Em 1987, nas vésperas do Ano Santo Mariano, publicou-se oficialmente a coleção de quarenta e seis Missas da Virgem Maria, com o seu correspondente Leccionário, para a celebração da memória livre de «Santa Maria, no sábado» ou para os santuários. Mas, sobretudo, são os novos textos do Missal e do Leccionário para as festas da Virgem que assinalam os novos caminhos do culto mariano na Igreja. 
Na Liturgia das Horas, também se faz memória dela em cada dia, cantando o Magnificat, em Vésperas, às vezes, invocando a sua intercessão, nas preces de Laudes e Vésperas, e, no final de todo o ofício, em Completas, cantando uma das antífonas marianas, por exemplo, a Salve-Rainha. 
Na celebração do Batismo, o Ritual propõe que se faça livremente um ato de oração, canto ou oferenda diante do altar da Virgem.