Confirmação
A Confirmação é o segundo
sacramento da Iniciação Cristã, formando unidade com o Batismo e com a primeira
Eucaristia.
No NT, não aparece explicitamente
como sacramento distinto do Batismo. Nos Atos dos Apóstolos, à pregação e à
conversão segue-se o Batismo, como sacramento da incorporação em Cristo, da
doação do seu Espírito e da agregação à Igreja (cf. At 2,36-42). O mesmo parece
depreender-se das cartas de Paulo e da teologia de João. Mas, em At 8,15 e
19,6, há dois episódios deste caminho de iniciação em que ao Batismo, conferido
aos convertidos da Samaria ou de Éfeso, se lhe segue, como rito complementar, a
imposição das mãos – por parte dos apóstolos Pedro e João, no primeiro caso, e
de Paulo, no segundo –, com o qual se dá, de modo especial, o Espírito, ao
mesmo tempo que se confirma a pertença eclesial dos recém-batizados e se seguem
sinais de caráter profético.
Nos testemunhos da história –
como, por exemplo, a Traditio Apostólica, de Hipólito, as catequeses
mistagógicas dos Padres ou, mais tarde, o Ordo Romanus XI – este gesto
sacramental complementar, a que agora chamamos Confirmação, aparece como
fazendo parte, em seqüência única, dos ritos batismais, antes da primeira
Eucaristia, na Vigília Pascal. Nessa noite, celebrava-se a iniciação, em três
etapas sucessivas, expressa com gestos sacramentais progressivos: banho na
água, unção com o crisma e a mesa do pão e do vinho.
No Oriente, as comunidades
cristãs conservaram sempre esta unidade dos três sacramentos de iniciação, quer
no caso das crianças quer no dos adultos, colocando em mais relevo a unidade
dos três sacramentos. No Ocidente, a partir do século VI, foi-se reservando ao
bispo o gesto da Confirmação, acentuando o caráter de maior integração
eclesial, separando-o do rito inicial do Batismo, e diferindo-o, se o bispo não
estava presente. Mas, no caso da Iniciação das crianças, em idade escolar ou de
adultos, também no Ocidente se conservou sempre a unidade dos três sacramentos,
que se recebem na mesma celebração.
A este sacramento chamou-se-lhe,
já desde o século V, confirmação, perfeição, fortalecimento (em grego,
bebaiosis), plenitude (teleiosis), complemento, consumação do iniciado no Batismo,
selo (signaculum, sfragis). No Oriente, designa-se, sobretudo, por Crisma. No
Ocidente, por Confirmação, porque confirma e dá plenitude à unção batismal.
O Protestantismo não reconhece o
caráter sacramental da Confirmação, embora celebre, na adolescência, um rito
litúrgico a que dá o mesmo nome de «Confirmação», com um tom de acolhimento
mais explícito na comunidade.
Por determinação do Concílio (cf.
SC 71), publicou-se, em 1971, o novo Ordo Confirmationis e, no ano seguinte, o
Ordo Initiationis Christianæ Adultorum, que também contém, e em unidade
celebrativa, este sacramento.
Ao Ritual da Confirmação 2
precede-o a constituição apostólica Divinæ Consortium naturæ, de Paulo VI, em
que, depois de resumir os dados históricos e as motivações teológicas,
estabelece que o gesto sacramental central será, desde agora, a unção com o
crisma na fronte, embora também recomende que se faça expressivamente a
imposição das mãos. As palavras do ministro, em vez das antigas («eu te
assinalo com o Sinal da Cruz e te confirmo com o crisma da salvação em nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo»), são, agora: «recebe por este sinal o Dom
do Espírito Santo» («accipe signaculum doni Spiritus Santi»).
Para a Igreja católica, o
ministro originário deste sacramento é o bispo, embora este, por razões
justificadas, possa delegar num presbítero ou vigário episcopal. Para os
orientais, o ministro da Confirmação é o presbítero, que confirma com o crisma
consagrado pelo bispo os mesmos que batizou numa única celebração.
O Concílio descreve assim a
identidade teológica e os efeitos deste sacramento: «Pelo sacramento da
Confirmação vinculam-se mais perfeitamente à Igreja e recebem especial vigor do
Espírito Santo: ficam assim mais seriamente comprometidos a difundir e defender
a fé, por palavra e obras, como testemunhas verdadeiras de Cristo» (LG 11; cf.
CIC 1302-1305). Como os profetas do Antigo Testamento recebiam a força do
Espírito de Deus para cumprir a missão (cf. Is 40 e 61); como Cristo, no
Jordão, ao sair da água batismal, ouviu a voz do Pai e recebeu a força do
Espírito para começar a sua missão; como a comunidade apostólica, nascida da
Páscoa de Cristo, ouviu a voz do Pai e recebeu a força do Espírito para começar
a sua missão, assim o cristão, na Confirmação, vê completada e levada à
plenitude a graça batismal com este novo dom do Espírito para a vivência da sua
fé e para a sua missão dentro da Igreja e do mundo.
No que respeita à práxis deste
sacramento, embora os livros litúrgicos e a teologia clássica vejam mais
expressivo e conforme à sua identidade celebrá-lo antes da primeira Eucaristia,
razões pastorais sugeriram à Igreja – no próprio Ritual e, depois, pela voz de
diversos episcopados – o adiamento deste sacramento para uma idade mais
avançada, na adolescência ou na primeira juventude. O importante, em ambos os
casos, é que se exprima bem o dom do Espírito e a unidade da Confirmação com o
Baptismo e a Eucaristia, e que seja acompanhada por uma preparação e um
prolongamento sério, de modo que no conjunto se exprima tanto a gratuidade do
dom do Espírito como a resposta consciente e pessoal dos que a recebem.
