Batismo
Palavra
derivada do grego, batisma, que, por sua vez, vem de bapto (banhar) e de
baptizdo (submergir, mergulhar na água).
O
seu sentido original é, portanto, banho, ablução externa, embora entendendo-a
no seu sentido de purificação e vida nova. Também pode assumir outras
simbologias, como em Mc 10,38-39, que aponta para a imersão na morte, ou ainda,
quando se fala do batismo de desejo ou de sangue.
Os
judeus tinham o batismo para os prosélitos, e João Baptista quis expressar, com
esta ação simbólica da imersão nas águas do rio Jordão, a preparação imediata
para o tempo anunciado. O próprio João batizou Jesus, que quis assim
solidarizar-se com os que se convertiam e se incorporavam na salvação
messiânica. Em cada ano, no domingo seguinte ao da festa da Epifania,
celebramos a Festa do Batismo do Senhor, no contexto da sua manifestação
natalícia, porque aqui iniciou a sua atuação messiânica para o povo. Cf. CIC
535-537 e 1223-1225, sobre o Batismo de Jesus no Jordão.
A
comunidade apostólica elegeu o batismo na água como sinal sacramental da
incorporação na Igreja e entrada na esfera salvadora de Cristo, recebendo a
nova vida, pela água e pelo Espírito (cf. Jo 3,5; Rm 6). Nos Atos dos Apóstolos
sucedem-se os episódios em que aparece o Batismo na dinâmica da iniciação
cristã: à pregação e à conversão da fé segue-lhe o Batismo, através do qual a
pessoa fica agregada à comunidade do Ressuscitado. Às vezes, chama-se-lhe «batismo
no nome de Jesus Cristo [Senhor Jesus]» (At 10,48; 19,5), e outras, «batismo em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28,19), fórmulas que apontam
para a mesma realidade, porque a salvação é ao mesmo tempo trinitária e
cristocêntrica.
O
Batismo, como primeiro sacramento da iniciação cristã – completado pela
Confirmação e Primeira Comunhão – celebrou-se na Igreja, ao longo dos séculos,
com diferentes rituais, de características diversas, como por exemplo, nas
liturgias orientais ou na hispânico-moçárabe. Na Igreja romana, celebra-se atualmente,
segundo estes dois livros litúrgicos: o Ritual da Iniciação Cristã de Adultos
(1972) e o Ritual do Batismo das Crianças (1969), como momento sacramental
culminante do processo de ação pastoral que se desenvolve em etapas sucessivas,
antes e depois da celebração do sacramento.
O
Batismo é o sacramento da fé com que os homens se incorporam na Igreja, povo
sacerdotal do Ressuscitado; recebem o perdão dos pecados; nascem para uma vida
nova, por obra do Espírito; e são tornados partícipes da vida pascal de Jesus
Cristo e filhos de Deus.
«O
sinal original e pleno do Batismo é a imersão» (ou infusão) tripla na água (cf.
CIC 628); «A “imersão” na água simboliza a sepultura do catecúmeno na morte de
Cristo, donde sai pela ressurreição com Ele (cf. Rm 6,3-4 e Cl 2,12) como “nova
criatura” (2Cor 5,17 e Gl 6,15)» (CIC 1214; cf. RCB 91.128). Enquanto se
realiza o gesto simbólico, o ministro pronuncia as palavras sacramentais: «N…,
eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.»
Antes
deste gesto central, depois de ter escutado a Palavra de Deus, há uns gestos
preparatórios: a bênção sobre a água e o diálogo de renúncias e promessas com
os pais e padrinhos (no caso das crianças) ou com os próprios catecúmenos, se
já têm o uso da razão. Depois do banho na água, há outros gestos
complementares: a unção com o santo crisma, a veste branca e o simbolismo da
vela acesa no Círio Pascal. Para concluir todo o rito, faz-se a oração do
Pai-Nosso, à volta do altar, e a bênção.
O
dia de domingo, e sobretudo o da Páscoa, são os que mais coerentemente se
relacionam com o Batismo, tanto na sua celebração como na sua recordação
continuada, pela estreita relação deste sacramento com a Páscoa de Cristo. Por
isso, na Vigília Pascal e nas Eucaristias dominicais, a aspersão, como eco
simbólico do Batismo, pretende recordar aos cristãos a origem deste dom que
Deus lhes fez pelo seu Espírito, introduzindo-os na Vida Nova de Jesus Cristo.
Dicionário
Elementar de Liturgia - José Aldazábal
