Assembléia
A
primeira realidade visível da liturgia cristã é a comunidade reunida, a assembléia.
Em
grego, esta congregação de fiéis chama-se synaxis. A palavra assembléia vem do
latim, assimulare, que significa juntar de simul, ao mesmo tempo.
No
AT (Ex 19-24, 1Rs 8 e Ne 8-9), é freqüente encontrar referência às grandes assembléias
do Povo de Israel, escutando a Palavra de Deus, dirigindo-lhe a sua oração e
celebrando os gestos simbólicos da aliança. O povo sentia-se convocado por
Javé, o «qahal Jahvé». No NT, a convocatória produz-se à volta de Jesus Cristo
e chama-se sobretudo igreja (ekklesía), povo convocado e congregado. Desde a
primeira geração, a assembléia litúrgica é uma realidade importante, no
conjunto da vida cristã, embora, desde muito cedo, fosse necessário recordar
aos mais preguiçosos: «sem abandonarmos a nossa assembléia – como é costume de
alguns –, mas animando-nos» (Heb 10,25).
Ao
longo dos séculos, «nunca a Igreja deixou de se reunir em assembléia para
celebrar o Mistério Pascal» (SC 6), sobretudo para a Eucaristia dominical,
porque o domingo, desde a primeira geração, é o dia por excelência da reunião
da assembléia cristã.
A
motivação não é só pedagógica ou sociológica – a assembléia litúrgica cristã
«ultrapassa todas as afinidades humanas, raciais, culturais e sociais» (CIC
1097) –, mas sobretudo teológica: «Na celebração da Missa, os fiéis constituem
a nação santa, o povo resgatado, o sacerdócio real» (IGMR 95).
O
povo sacerdotal, a comunidade dos batizados, reúne-se para celebrar o mistério
da nova aliança, sempre com a convicção da presença, invisível mas real, do seu
Senhor, Jesus Cristo, que prometeu: «onde estiverem dois ou três reunidos em
meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt 18,20). A assembléia é o lugar de
preferência da presença do Senhor.
Ao
mesmo tempo, cada assembléia litúrgica é a realização concentrada e a epifania
(manifestação) de toda a Igreja: «O povo de Deus, que se reúne para a Missa… se
exprime nos diversos ministérios e diversas ações» (IGMR 294; cf. IGMR 91).
A
assembléia cristã é a que celebra a Eucaristia, sob a presidência do ministro
que a completa visibilizando o verdadeiro presidente, Cristo: «Na Missa ou Ceia
do Senhor, o povo de Deus é convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote
que atua na pessoa de Cristo, para celebrar o memorial do Senhor ou sacrifício
eucarístico» (IGMR 27).
Por
isso, ao reformar as celebrações sacramentais e a Liturgia das Horas, tomou-se
como um dos critérios fundamentais, o favorecimento da participação ativa por
parte de toda a assembléia reunida, a oração e o canto nos momentos oportunos,
as ações sacramentais nas quais participa, as aclamações e diálogos, etc.
No
documento Celebrações na Ausência de Presbítero (1988) da Congregação para o
Culto Divino está bem vincada a importância da assembléia litúrgica para o povo
cristão: as comunidades sem presbítero não poderão celebrar a Eucaristia, mas
sim «a reunião dos fiéis, para manifestar que a Igreja não é uma assembléia
formada espontaneamente, mas convocada por Deus, ou seja, o povo de Deus
organicamente estruturado, ao qual preside o sacerdote na pessoa de Cristo
Chefe» (n. 12). «Nunca se dirá suficientemente a importância capital da assembléia
do domingo, quer como fonte de vida cristã de cada pessoa e das comunidades,
quer como testemunho do projeto de Deus: reunir todos os homens em seu Filho
Jesus Cristo» (n. 50; cf. EDREL 3240. 3278).
(Dicionário
Elementar de Liturgia - José Aldazábal)
