Liturgia
Ambrosiana
A
liturgia ambrosiana é um dos frutos mais significativos da evolução que
aconteceu nos séculos IV e seguintes: a diferenciação das famílias litúrgicas,
quer no Oriente quer no Ocidente.
Embora
a origem do rito ambrosiano não se conheça com plena segurança, a tradição
relacionou-o ativamente com Santo Ambrósio, o grande bispo de Milão, de finais
do século IV. Esta liturgia foi-se formando com claros influxos de outras, quer
dos orientais quer da galicana, mas com liberdade e criatividade própria, na
qual certamente Santo Ambrósio muito se empenhou, pelo menos na composição de
orações e hinos, até chegar à coerência interna de estilo e de organização que
agora tem.
No
século XV, com a imprensa, cuidaram-se mais dos livros litúrgicos próprios, e
São Carlos Borromeo, no séc. XVI, teve o mérito de fomentar e renovar o
conjunto desta liturgia ambrosiana.
O
Concílio Vaticano II (cf. SC 4) pediu que estes ritos legitimamente
reconhecidos, diferenciados do romano, se respeitem, mais ainda, que se
conservem e se fomentem. Por isso, também para a liturgia milanesa se pôs em
marcha, nos anos pós-conciliares, um intenso trabalho de estudo, renovação,
purificação e criatividade, até chegar às edições dos novos livros litúrgicos:
Missal, Lecionário, Ritual, Pontifical, etc.
As
características mais conhecidas do rito ambrosiano referem-se, antes de mais,
ao Ano Litúrgico. O Advento tem seis semanas, começando no domingo mais próximo
do dia 12 de Novembro, e reservando o sexto domin¬go para a solenidade da
Maternidade de Maria. A Quaresma não começa em Quarta-Feira de Cinzas, mas no
seu primeiro domingo. O calendário santoral, naturalmente, é próprio.
Na
Missa, a nota mais evidente é a maior riqueza eucológica, tanto em orações,
Prefácios e Orações Eucarísticas, como nos cânticos. O gesto da Paz está antes
do ofertório. O que mais riqueza supõe numa liturgia, à parte determinados
ritos ou de organizações especiais, é a sua eucologia, o conteúdo e a linguagem
teológico-espiritual dos seus textos. E nisto a liturgia ambrosiana, como a
hispânica, é admirável.