Anamnese
Esta
palavra grega significa memorial, comemoração, recordação.
Corresponde
ao zikkaron hebraico (o «memorial»), e conota não só uma recordação subjetiva,
mas uma atualização do fato que se recorda: a vontade salvadora de Deus, os
acontecimentos salvíficos do AT, como o êxodo, e para os cristãos, sobretudo, o
Mistério Pascal de Cristo. A anamnese aponta também para o futuro: de algum
modo antecipa-o.
Chama-se
especificamente anamnese ao conjunto de palavras que, dentro da Oração
Eucarística, se seguem ao relato da instituição, e com as quais a comunidade
«celebra a memória do mesmo Cristo, recordando de modo particular a sua
bem-aventurada Paixão, gloriosa Ressurreição e Ascensão aos Céus» (IGMR 79e;
cf. CIC 1354).
Este
memorial faz-se obedecendo ao mandato do Senhor: «fazei isto em memória de Mim»
(em grego, «eis ten emen anamnesim»). Nas diversas Orações Eucarísticas,
especifica-se o Mistério de Cristo com diferentes formulações, segundo nomeiem
só a morte ou também a descida ao lugar dos mortos, a ressurreição, a ascensão
e a manifestação gloriosa do Senhor no final da História.
Estabelece-se
uma dinâmica, entre o memorial e a oferenda: «enquanto celebramos o memorial…
nós Vos oferecemos» («memores offerimus»). A Eucaristia como anamnese e
memorial é celebração na qual o próprio Senhor, a partir da sua existência
gloriosa, torna presente, hoje e aqui, à sua comunidade celebrante, a força
salvadora do acontecimento da sua Páscoa. «A celebração litúrgica refere-se
sempre às intervenções salvíficas de Deus na história […] Segundo a natureza
das ações litúrgicas e as tradições rituais das Igrejas, uma celebração “faz
memória” das maravilhas de Deus numa anamnese mais ou menos desenvolvida. O
Espírito Santo, que assim desperta a memória da Igreja, suscita então a ação de
graças e o louvor (doxologia)» (CIC 1103).