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Quinta-Feira Santa

É o último dia da Quaresma e, ao mesmo tempo, a partir da Missa Vespertina, a inauguração do Tríduo Pascal. Em latim, o seu nome clássico é «Feria V in Coena Domini». É um dia de carácter íntimo para o povo cristão, certamente é a quinta-feira mais importante do ano, sobretudo desde que a Ascensão e o Cor¬po de Deus são cada vez mais celebrados ao domingo e não à quinta-feira. É o dia em que Cristo, na sua ceia de despedida, antes da morte, instituiu a Eucaristia, deu a grande lição de humilde serviço, lavando os pés aos seus apóstolos, e constituindo-os sacerdotes mediadores da sua Palavra, dos seus sacramentos e da sua salvação. 
Desde muito cedo que, neste dia, se celebra uma Eucaristia especial, lembrando a sua instituição. A peregrina Egéria, no século IV, testemunha que pôde assistir, em Jerusalém, a uma missa para terminar o jejum e outra centrada na instituição da Eucaristia. Mas, em Roma e no resto do Ocidente, demorou mais tempo a introdução dessa Eucaristia vespertina, que era celebrada de manhã, por condicionamento da norma do jejum eucarístico, que tinha de ser guardado desde a meia-noite do dia anterior. 
As características deste dia são várias: 
• Desde o século IV, organizou-se, em Quinta-Feira Santa, pela manhã, a Missa para reconciliar os penitentes, e dispô-los para a celebração da Páscoa. Na liturgia hispânica, a celebração penitencial tinha lugar em Sexta--Feira Santa; 
• a missa crismal, presidida pelo Bispo e concelebrada por todo o presbitério diocesano; 
• desde 1955, com Pio XII, a Eucaristia celebra-se de novo à tarde, com o Lava-pés, depois da homilia. Esta Missa, «in Coena Domini», abre o Tríduo Pascal da morte e ressurreição de Cristo, adiantando assim todo o simbolismo dinâmico da Páscoa no sacramento eucarístico, como fez Cristo antes de ir para a cruz; 
• como a Sexta-Feira Santa é dia «*alitúrgico», pois não se celebra a Eucaristia, em Quinta-Feira Santa consagra-se o Pão eucarístico necessário para a comunhão desse dia. Esta consagração dá lugar à procissão da guarda da Sagrada Reserva e à consequente adoração da Eucaristia até à meia-noite. É a ocasião em que a comunidade cristã exprime mais explicitamente o seu apreço e culto a Cristo Eucarístico.