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Paixão

«O sexto domingo da Quaresma, que inicia a Semana Santa, denomina-se “Domingo de Ramos na Paixão do Senhor» (NG 30).
Este domingo caracteriza-se pela comemoração da entrada do Senhor em Jerusalém e a solene proclamação da Paixão.
Na procissão de entrada sublinha-se que já chegou «a hora» em que Jesus, como Messias e Servo, entra em Jerusalém e realiza a sua entrega pascal para salvar a Humanidade. A comunidade cristã, com cânticos ao Messias e agitando palmas, professa a sua fé, em que a cruz e a morte de Cristo são definitivamente uma vitória. A cor vermelha dos paramentos deste dia aponta para a morte do Mártir e para a sua Vitória. Une-se, portanto, a entrada de Jesus com a sua morte e ressurreição.
Sabemos, pela peregrina Egéria, que já em fins do século IV, em Jerusalém, se comemorava com uma procissão,a partir do Monte das Oliveiras, a entrada triunfal de Jesus na cidade. Dali, este costume passou ao Oriente, à Gália e à Península Ibérica, mas só chegou a Roma por volta do século IX, onde incluía o hino característico Gloria Laus, de Teodulfo de Orleans.
Actualmente, segundo o Missal, há três formas para realizar esta entrada: uma procissão à volta da igreja, com todo o povo, a partir do lugar onde se benzem os ramos; entrada solene para o presbitério, com início à porta da ¬igre¬ja; e entrada simples, com relevo para o cântico de entrada.
A proclamação do Evangelho da Paixão – a outra grande característica deste domingo – faz-se, desde a última reforma, com a seguinte distribuição: no Domingo de Ramos ou da Paixão proclama-se, em cada ano, o relato segundo o «evangelista do ano» (ano A, Mateus; ano B, Marcos; ano C, Lucas), e, na Sexta-Feira Santa, o Evangelho de João. Desde muito cedo, adoptou-se o costume da proclamação deste Evangelho da Paixão do Senhor – momento enternecedor para a fé do povo cristão nestes dias – feitas com três leitores distintos: um faz de Jesus, outro actua como cronista e o terceiro personifica todos os outros interlocutores da Paixão.
Antes da última reforma do calendário (1969), as últimas duas semanas da Quaresma chamavam-se «Tempo da Paixão», e chamava-se «Domingo da Paixão» ao quinto domingo da Quaresma, designação dada agora ao Domingo de Ramos. A reforma preferiu, seguindo o costume de séculos mais remotos, suprimir este tempo, dando assim maior unidade interna a toda a Quaresma.