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incineração

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Incinerar significa fazer cinzas (cinis, cineris, em latim) e apli¬ca-se sobretudo à cremação dos cadáveres, costume ritual de muitas culturas e religiões, pelo seu simbolismo de destruição, purificação e sacrifício.
O costume cristão, herdado dos judeus, é o de inumar os defuntos (de humus, terra), ou seja, enterrá-los, rito que sempre se considerou como mais conforme com a fé na ressurreição dos corpos e mais tradicional, a partir da própria sepultura de Jesus. Mas esta sensibilidade vai mudando e já não é estranho que também os cristãos optem por incinerar os restos mortais das pessoas queridas, ou peçam para si mesmos que, à hora da sua morte, se lhes faça esta forma de exéquias, facto que, no fundo, não marca uma grande diferença, quanto ao destino dos restos mortais, que é o pó, e quanto à fé, na sua futura ressurreição. Depois do laborioso processo da cremação, a família recebe uma pequena urna com as cinzas, a que, segundo a legislação de cada país, se lhe pode dar distinto destino.
O Código de Direito Canónico recomenda a inumação, mas não proíbe a cremação, «a não ser que tenha sido preferida por razões contrárias à doutrina cristã» (CDC 1176). O fogo da incineração pode exprimir com força o seu carácter de juízo divino, como no AT, e de elemento purificador, dando ao rito um tom de sacrifício do próprio corpo consumado diante de Deus, símbolo dessoutro sacrifício que foi a vida cristã. O fogo, no AT, é símbolo da misteriosa presença de Deus; no NT,
é-o da irrupção do Espírito no Pentecostes, e o próprio Cristo disse que tinha vindo trazer o fogo à terra.
O novo Ritual das Exéquias fala da cremação do cadáver nas suas observações preliminares (n. 15) e dedica depois um capítulo à «celebração das exéquias no caso de cremação do cadáver», na igreja ou no crematório, com ritos e orações, antes ou também depois da incineração.