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Nas celebrações litúrgicas, de modo semelhante com o que sucede na vida social, os gestos corporais exteriorizam e exprimem os sentimentos interiores.
A liturgia não consiste apenas em sentimentos, palavras e cânticos. Com gestos, muitas vezes cheios de simbolismo, manifesta-se a atitude interior de adoração, de louvor e súplica, de oferecimento e acolhimento, de dor e alegria.
A razão de ser primordial está na própria antropologia, porque a pessoa humana só se exprime plenamente quando une o gesto à palavra, ou a palavra ao gesto. Por isso, todas as religiões têm uma gramática gestual para o seu culto. Também na Liturgia cristã, herdeira dos gestos mais universais da humanidade, assumidos já no AT e, depois, no NT, por Cristo, com uma margem de flexibilidade para as diversas culturas, celebramos o dom de Deus e o culto com gestos variados: imposição de mãos e outros movimentos e gestos que a acompanham, posturas corporais, banho na água e unção com óleo, comida e bebida, beijos, incenso, etc.
A fonte destes gestos, portanto, é, por um lado, a cultura humana, e, por outro, o seu uso bíblico: «as atitudes do corpo, os gestos e as palavras com que se exprime a ação litúrgica e se manifesta a participação dos fiéis, recebem o seu significado não só da experiência humana, donde são tomadas, mas também da Palavra de Deus e da *economia da salvação, a que se referem» (OLM 6, EDREL 808). O encargo conciliar de se fomentarem «também as ações ou gestos e as posições do cor¬po» (SC 30) que favoreçam a participação interna e externa dos fiéis, teve nos documentos pós-conciliares um eco crescente e determinado.
Recorda-se ao sacerdote que preside à Missa com crianças: «tendo em conta a natureza da liturgia como ação de todo o homem e a psicologia das crianças, deve-se, nas Missas com elas e segundo a sua idade e costumes locais, favorecer grandemente a participação pelos gestos e atitudes corporais» (DMC 33, EDREL 2792), e, além disso, «antes de tudo, atenda à dignidade, à clareza e à simplicidade dos gestos» (DMC 23, EDREL 2782).
É bom que ao falar da formação seminarística dos futuros ministros da comunidade se recorde o que foi recomendado pelos Princípios Gerais (II) da SC, pelo Decreto Optatiam Totius: «A solicitude pastoal, que deve animar toda a formação dos alunos, exige também que eles sejam diligentemente instruídos no que respeita particularmente ao sagrado ministério, de modo especial na catequese e na pregação» (n. 19) e na Instructio pró institutione litúrgica in seminariis (1979) que «é particularmente necessário que os alunos recebam lições sobre a arte de falar e de expressar-se com gestos… na celebração é da máxima importância que os fiéis compreendam não só o que o sacerdote diz ou recita, mas também aquelas realidades que o sacerdote deve exprimir com gestos e ações». Como diz o Catecismo, estes gestos são «si¬nais do mundo dos homens», agora empregados no culto cristão. «Como ser social, o homem tem necessidade de sinais e de símbolos para comunicar com o seu semelhante através da linguagem, dos gestos e de acções. O mesmo acon¬tece nas suas relações com Deus» (CIC 1146).
São importantes as orientações que se dão para os gestos da Missa: a postura uniforme como sinal de unidade (cf. IGMR 42), a obediência às monições que se tenham dado a respeito, os gestos e posturas mais adequados a cada momento da celebração, e o encargo de que as várias Conferências Episcopais os saibam adaptar à própria cultura e índole (cf. IGMR 43).