Fração
do Pão
Partir
o pão (do latim, frangere, fractio) não só é um gesto prático no momento da
refeição, mas pode estar carregado de significado simbólico.
Para
os Judeus, a fração do pão era o primeiro gesto característico da ceia pascal.
Foi também esse o gesto que Jesus fez, em companhia dos Doze. Os relatos da
Última Ceia lembram-no: «Tomou o pão, partiu-o e deu-o.» Os dois discípulos de
Emaús reconheceram Jesus, na Fração do Pão. É um gesto que de imediato passou a
denominar a própria celebração: reuniam-se no primeiro dia da semana «para a
Fração do Pão» (cf. At 20,7; 1Cor 10,17).
Ao
longo da história, não só quando eram muitos os que comungavam – na missa
papal, o Ordo Romanus I descreve a longa fração realizada por numerosos
ministros – mas também, quando foi diminuindo o seu número, durante o primeiro milênio,
foi sempre pão partido o que se dava em comunhão. A partir do século VII,
começou--se a acompanhar o gesto com o canto do Cordeiro de Deus. Mais tarde, a
partir dos séculos XI-XII, pensou-se nas «formas» individuais que conhecemos.
O
Missal de Paulo VI determina que se volte ao «pão partido» e que se potencie o
gesto simbólico da fração. Explica-o e motiva-o várias vezes, sempre
simbolizando a fraternidade: «Pela Fração do Pão e pela Comunhão, os fiéis,
embora muitos, recebem, de um só pão, o Corpo e, do mesmo cálice, o Sangue do
Senhor, do mesmo modo que os Apóstolos o receberam das mãos do próprio Cristo»
(IGMR 72), «o gesto da Fração do Pão, praticado por Cristo na Última Ceia, e
que serviu para designar, nos tempos apostólicos, toda a ação eucarística,
significa que os fiéis, apesar de muitos, se tornam um só Corpo, pela Comunhão
do mesmo pão da vida que é Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo»
(IGMR 83), «o gesto da “Fração do Pão” – assim era designada a Eucaristia na
época apostólica – manifesta de modo mais expressivo a força e o valor de sinal
da unidade de todos em um só pão e de sinal da caridade, pelo fato de um só pão
ser repartido entre os irmãos» (IGMR 321). O Missal diz ao sacerdote que, do
seu próprio pão, faça partícipes ao menos alguns fiéis. As hóstias pequenas
admitem-se só «quando assim o exija o número dos comungantes» (IGMR 321).
É
uma pedagogia simbólica simples e profunda: parte-se, reparte-se e partilha-se
o Corpo Glorioso de Cristo. Exprime-se visualmente, compartilhando o mesmo Pão,
o mistério invisível de um Cristo que se nos dá a todos em alimento, com o que
se quer ajudar a que a Eucaristia vá construindo a comunidade, na linha de
Paulo: porque «embora sejamos muitos, formamos um só corpo, porque participamos
de um único pão» (1Cor 10,17).
