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fermento

fermento, fermentum

A palavra latina fermentum (levedura) deriva de fervere (ferver). O pão para a Eucaristia, a partir do século IX, na Igreja ocidental, foi-se preparando sem levedura (pão ázimo), como reminiscência da celebração pascal dos judeus.
Mas, com o nome de fermentum, designou-se sobretudo o pedaço de pão eucarístico que o Papa, a partir da sua missa, enviava a outras igrejas «titulares» de Roma.
Quando, a partir do século V, em Roma, a Missa deixou de ser única, como tinha sido nos primeiros séculos, e se celebrou também nas igrejas da periferia (per titulos), pensou-se neste gesto simbólico: a partir da Missa Estacional, presidida pelo Papa, enviava-se a essas igrejas, por meio de uns acólitos, um pedaço do Pão eucarístico, para que o misturassem no cálice das respectivas missas. A ideia era sublinhar a unidade e a fraternidade: «para que, principalmente nesse dia [o domingo], não se sintam separados da comunhão connosco», como diz Inocêncio I, no ano 416, na sua carta a Decêncio (Ant. Lit. 2716). O nome de fermentum indicava bem o carácter de «algo acrescentado» à Eucaristia da igreja periférica, para a unir à celebrada pelo Papa.
Ao princípio, fez-se em cada domingo, mas, no século VII, já só se fazia na Vigília Pascal.
A mistura atual de um pedaço do pão no cálice (conmixtio) não é seguro que tenha este mesmo sentido: sobretudo aponta para Cristo, a quem receberemos na comunhão, que é o Senhor Ressuscitado, com o seu Corpo e Sangue gloriosos.