domingo
Esta
palavra vem do latim, dominicus, dominica dies (dia senhorial, do Senhor). É o
nome que, pela primeira vez, o Apocalipse (1,10) dá
ao
«dia primeiro, depois do sábado») – em grego, «kyriake hemera» –, ou seja, o
dia em que ressuscitou Jesus Cristo.
Nos
primeiros séculos, teve ainda outros nomes: «dia do Sol», seguindo a
terminologia romana; «oitavo dia» (ogdóada), assinalando que, superada a semana
de sete dias, de novo é o primeiro dia, mas projetado para a frente, na marcha
escatológica da história.
Na
primeira comunidade já se atesta o valor que, no mistério da nossa fé cristã,
tem este dia. O episódio de Emaús (cf. Lc 24,13-35), ou as duas aparições
sucessivas de Jesus aos seus, com intervalo de oito dias, a segunda vez com
Tomé (cf. Jo 20,16-29), ou o que Lucas narra da reunião de Tróade (cf. At
20,7), sempre no primeiro dia depois de sábado, ressaltam os aspectos que logo
se tornaram característicos deste dia: a presença do Ressuscitado, a reunião
comunitária, a escuta da Palavra, a celebração da Eucaristia, a alegria, a paz,
o dom do Espírito, a missão…
Ao
longo dos vinte séculos da sua história, a Igreja nunca deixou de celebrar este
dia como dia pascal semanal. A partir do século IV, com a paz de Constantino,
foi-se-lhe acrescentando, além disso, o aspecto do descanso laboral, que até
então não existia. Ultimamente, deu-se um passo significativo de adaptação às
mudanças sócio-culturais: o domingo, incluída a sua Eucaristia, começa a
celebrar-se já na tarde de sábado.
Há
dois textos do Magistério – Constituição sobre a Sagrada Liturgia (SC) e o
Código de Direito Canônico (CDC) – que manifestam o sentido, particularmente
significativo, que a Igreja atribui ao domingo.
A
Constituição conciliar, no seu n.106: «Segundo a tradição apostólica, que teve
origem no próprio dia da Ressurreição de Cristo, a Igreja celebra o Mistério
Pascal de oito em oito dias, no dia que justamente se chama Dia do Senhor ou
Domingo. Neste dia, os fiéis devem reunir-se a fim de que, escutando a Palavra
de Deus e participando na Eucaristia, recordem a Paixão, a Ressurreição e a
glória do Senhor Jesus e dêem graças a Deus que nos gerou de novo – através da
ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos – para uma esperança viva. Por
esta razão, o Domingo é o principal dia de festa a propor e a introduzir na
piedade dos fiéis, de tal modo que seja também um dia de alegria e de repouso
do trabalho.»
E
o novo Código de Direito Canónico, de 1983 (c. 1247): «No domingo […] os fiéis
têm obrigação de participar na Missa; abstenham-se ainda daqueles trabalhos e
negócios que impeçam o culto a prestar a Deus, a alegria própria do dia do
Senhor, ou o devido repouso do espírito e do corpo.»
O
domingo é um dos valores fundamentais da comunidade cristã. É como um
«sacramento» que concentra em si mesmo, cada oito dias, as melhores riquezas da
sua fé e da sua vida: a centralidade de Cristo e da sua Páscoa, a consciência
da Igreja como comunidade, a escuta da Palavra e a celebração da Eucaristia, a
alegria pascal que impregna toda a jornada e motiva o descanso laboral, a
valorização da natureza (o domingo é também o «primeiro dia» da criação), o
convite à caridade fraterna e a oração mais explícita. «A instituição do Dia do
Senhor contribui para que todos gozem do tempo de descanso e lazer suficiente,
que lhes permita cultivar a vida familiar, cultural, social e religiosa» (CIC
2184), e que se dediquem a obras de caridade fraterna (cf. CIC 2186), renovando
cada semana o compromisso de testemunho cristão, como uma voz profética no meio
do mundo.
