Cor
A
rica gama de cores que encontramos na natureza, ou que conseguimos reproduzir,
possui uma tendente capacidade de simbolizar realidades e sentimentos. Às
vezes, as cores usam-se num sentido convencional e prático (as cores do semáforo),
e, outras, como características de uma entidade (as cores da bandeira nacional
ou de uma associação política ou desportiva).
Na
nossa cultura, algumas cores exprimem alegria, pureza e festa, tal como a cor
branca. Outras são mais agressivas, como a cor vermelha, que aponta para o
perigo, para o fogo ou para a intensidade do amor, enquanto que a cor verde se
converteu no símbolo da ecologia: a natureza defendida na sua pureza, sem
contaminação. Não é estranho que também no terreno religioso, as várias cores
tenham sentido simbólico.
Ao
longo do ano, na celebração litúrgica, usa-se sabiamente esta pedagogia, para
«exprimir externamente de modo mais eficaz, por um lado, o caráter peculiar dos
mistérios da fé que se celebram e, por outro, o sentido progressivo da vida
cristã ao longo do ano litúrgico» (IGMR 345). A Páscoa celebra-se de branco, a
cor da alegria, da luz e da vida. Isso, depois de uma Quaresma com vestes de
cor roxa. Mas, na Sexta-Feira Santa, o dia em que se celebra o primeiro Mártir,
Cristo, a cor é vermelha. Como o será também no Pentecostes, o dia do Espírito,
que é fogo e amor. As festas dos Santos e da Virgem celebram-se de branco, como
partícipes da Páscoa de Cristo, exceto os mártires, que pedem a cor vermelha,
porque participaram da sua morte testemunhal. No III Domingo do Advento e no IV
da Quaresma, pode-se celebrar com as vestes cor-de-rosa. E, em alguns lugares,
como Espanha, América hispânica e em Portugal, em certas festas da Virgem pode
utilizar-se a cor azul 3.
Fica
aberta a porta a uma adaptação às diversas culturas (cf. IGMR 346), porque se
trata, não só de uma certa estética simbólica, como também de ajudar, através
desta pedagogia da cor, a que os cristãos entrem mais facilmente no mistério
que celebram.
 
