Completas
(Completuria, em latim) é a última
oração do dia, antes do descanso noturno, que «completa» o curso diário da
Liturgia das Horas.
Não há informações muito concretas sobre
a sua origem. Supõe-se que tenha a sua origem no ambiente monástico, desde S.
Basílio. Na Regra de S. Bento, do século VI, já consta como oração final do
dia, com os Salmos 4, 90 e 133, memorizados para serem recitados em cada noite.
No início desta oração faz-se o exame de
consciência, como revisão da jornada que termina. A seguir, os hinos, salmos,
leituras breves e orações foram selecionados para revestir o fim do dia de uma
tonalidade muito humana e cristã. O dia acaba com uma mistura de alegria, por
tudo o que se alcançou, e de tristeza, pelas deficiências que ainda tenham
persistido. A luz cósmica esvai-se e a noite vem, recordando a todos, de alguma
maneira, a marcha vertiginosa dos dias e o caráter efêmero da vida. Mas a luz,
que é Cristo, permanece próxima e salvadora e, por isso, o sentimento de
confiança prevalece sobre o temor, e o orante encomenda-se a Deus, antes de se
deitar, com a consciência de que, dia e noite, está nas suas mãos: «Pedimos,
Senhor, que descansemos na vossa paz e, de novo nos levantemos na alegria da manhã»;
«Senhor, guardai-nos quando dormimos, para estarmos vigilantes com Cristo e
descansarmos em paz». O cântico do «Nunc Dimittis», que Lucas põe nos lábios de
Simeão, no Templo, tem aqui um lugar muito oportuno: «Agora, Senhor, segundo a
vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo», com a sua antífona:
«Guardai-nos, enquanto dormimos» (cf. IGLH 84-92).
Também os salmos foram escolhidos com
esta intenção: «Sois o meu refúgio e a minha cidadela, meu Deus, em Vós confio»;
«Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito»; «Ouvi-me, Senhor, sem demora,
porque se apaga a minha vida ». Por motivos de espiritualidade própria ou de
atenção pastoral aos fiéis que participam nesta hora, podem dizer-se sempre os
salmos de domingo, particularmente orientados para a confiança: «Tu que habitas
sob a proteção do Altíssimo... meu Deus, em Vós confio... Não temerás o pavor
da noite... porque o Senhor é o teu refúgio.»
A antífona mariana que conclui a oração
de Completas dá-lhe um novo toque de confiança: «Deus vos salve, Rainha dos
céus… Virgem gloriosa, Santa Mãe de Deus… À vossa proteção nos acolhemos…
livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita». É bom acabar o
dia recordando a Virgem Maria, a primeira cristã, a que mais confiou em Deus e
a que mais de perto seguiu Cristo.
