Cálice
A palavra latina calix (em grego,
poterion) designa um vaso em forma de taça para beber. Podia ser de diversos
materiais: de metal dourado, de vidro ou de cerâmica.
Beber do cálice teve, desde a
Antiguidade, além da acepção comum, um sentido simbólico: o cálice da dor ou da
amargura (cf. Mt 20,22; 26,39), o cálice da ira (cf. Is 51,17; Ap 16,19), o
cálice da bênção (cf. Sl 15[16],5).
A primeira geração de cristãos, logo a
partir da Última Ceia, sempre expressou um grande apreço pelo cálice utilizado
para comungar com o Sangue de Cristo. Basta recordar o argumento de Paulo: não
se pode «beber do cálice do Senhor», na celebração da Eucaristia, e também «do
cálice dos demónios», nos banquetes cúlticos pagãos (cf. 1Cor 10,21). Paulo
chama-lhe o «cálice de bênção» (1Cor 10,16), relacionando-o seguramente com a
terceira taça de vinho que o pai de família abençoa, na ceia pascal judaica.
Não é de estranhar, portanto, que o cálice
eucarístico seja o vaso sagrado por excelência, e que, ao restaurar-se a
participação de todos no Sangue do Senhor, se descreva esse gesto com a
expressão de «cálice para os leigos».
Exige-se que os materiais usados no seu
fabrico sejam sólidos, que sejam nobres, segundo o entendimento de cada região,
materiais que não absorvam os líquidos e, de preferência, com a parte interior
revestida a ouro, a não ser que já seja de material inoxidável, resistente à
acidez do vinho (cf. IGMR 327-330). A sua bênção – que indica a sua dedicação
exclusiva à celebração eucarística – realiza-se, preferencialmente, dentro da
Missa (cf. IGMR 333). O Cerimonial das Bênçãos oferece os textos para esta
bênção (nn. 1068ss).
Na celebração da Missa, o cálice é
levado para o altar, ao ofertório. Na Comunhão, participa-se, bebendo
directamente do cálice ou por intinção do Pão. Depois da comunhão, o cálice é
purificado, no altar ou, se possível, na credência (cf. IGMR 163.183.279).
Na instituição de acólitos e na
ordenação de bispos e presbíteros, um dos gestos simbólicos que melhor exprimem
o ministério é o da entrega do cálice com vinho e água.