Anel
Do
latim, annulus ou annelus, chamamos anel a uma peça circular, de ouro, prata ou
outro material nobre, que se coloca à maneira de argola num dedo, chamado por
isso anular ou anelar. Em algumas culturas, põe-se também nas orelhas, no nariz
ou na boca. Cosmicamente, é bem atraente o anel que rodeia o planeta Saturno!
São
vários os simbolismos que se podem dar à imposição do anel: sujeição, pertença,
firmeza, fidelidade.
Por
isso, se utilizou sobretudo para expressar a atitude dos que contraem matrimônio:
por exemplo, na cultura romana pré-cristã, para os esponsais. Também nos ritos
cristãos orientais, há a bênção e imposição de anéis para a celebração do matrimônio.
Ao
longo dos séculos, não foi uniforme a interpretação deste sinal. Por exemplo,
no Ritual anterior ao atual (desde 1614) só se impunha o anel à noiva, não ao
noivo. Poderia entender--se como se, só a ela, se lhe pedisse fidelidade, ou
ainda pior, que ela «pertencia» ao marido.
No
atual Ritual do Matrimônio, como no rito hispânico antigo, tanto o noivo como a
noiva impõem-se mutuamente o anel. Na tradução portuguesa, o ministro benze as
alianças, dizendo: «O Senhor abençoe estas alianças que ides entregar um ao
outro como sinal de amor e de fidelidade.» E, a seguir, os esposos impõem-se
mutuamente a alian¬ça, dizendo: «Recebe esta aliança como sinal do meu amor e
da minha fidelidade. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (RM
67.101.135. 167). O anel entre os esposos cristãos tem uma referência
acrescentada ao amor nupcial e à aliança entre Cristo e a sua Igreja: não é
estranho, portanto, que o anel nupcial se chame também «aliança».
No
próprio Ritual do Matrimônio (nn. 100-167) e no Cerimonial das Bênçãos (nn.
99.100.125.126) as várias fórmulas para benzer os anéis nupciais exprimem o
mesmo simbolismo de amor e de fidelidade mútua.
É
muito antigo o uso simbólico do anel «pastoral» pelos bispos: na Península
Ibérica, pelo menos, desde o século VII. Na ordenação de um Bispo, o ordenante
principal, ao pôr-lhe o anel, no dedo anular da mão direita, diz-lhe: «Recebe
este anel, sinal de fidelidade, sê fiel à Igreja e guarda-a como esposa santa
de Deus.» (OBPD 51) O Cerimonial dos Bispos afirma-o mais explicitamente: «O
anel, insígnia da fidelidade e da união nupcial com a Igreja, sua esposa (insigne
fidei et coniunctionis nuptialis cum Ecclesia, sponsa sua), deve o Bispo usá-lo
sempre» (CB 58).
O
mesmo acontece na bênção dos abades e abadessas: «Recebe este anel, sinal de
fidelidade, para que, com fortaleza de espírito e com amor fraterno, guardes esta
comunidade.»
Também
tem um belo sentido este simbolismo no caso da profissão das religiosas. Se faz-se
a entrega do anel, o celebrante dá-lho dizendo: «Recebe o anel como esposa do
Rei eterno; mantém íntegra a fidelidade ao teu Esposo, para que mereças ser
admitida nas núpcias do gozo eterno.» E uma fórmula semelhante é usada na
Consagração das Virgens.
