Altar
O
altar é o centro do espaço celebrativo, seu princípio de unidade e ponto de
referência mais imediato.
O
seu primeiro sentido foi o sacrifício: a ara onde se sacrificavam as vítimas à
divindade. Por isso, a etimologia do nome latino altare parece que vem de
adolere, arere (arder: o lugar onde pelo fogo se queima a vítima do
sacrifício). Também poderia provir de altus (alto), porque os altos (sobretudo
as colinas e montes) sempre se consideraram lugar de encontro dos humanos com a
divindade.
No
AT, erigem-se altares para oferecer culto a Deus. Assim se lê, no livro do Gênesis,
de Noé (cf. 8,20), Abraão (cf. 12,7; 13,18), de Isaac (cf. 26,25), etc. É
particularmente expressiva a cena de Ex 24, quando Moisés levanta um altar e
sobre ele realiza o rito da aspersão com sangue de animais, selando a Aliança
entre Deus e o seu povo. No Templo de Jerusalém, o altar era o espaço principal
de todo o seu culto: o altar dos perfumes e o altar dos holocaustos. Os
sacerdotes eram chamados «ministros do altar».
No
NT, continua a referência, tanto quanto se designa o altar normal (cf. Mt 5,23:
quando fores oferecer ao altar…) como quando já se refere ao próprio Cristo.
Nós, os cristãos, temos um culto, um sacrifício e um altar próprios, centrados
em Jesus Cristo (cf. Heb 13,10): Ele é para nós ao mesmo tempo sacerdote,
vítima e altar. No Apocalipse fala-se também do altar que está entre o trono de
Deus, onde se oferecem os perfumes e sacrifícios dos justos (cf. Ap 6,9; 8,3).
Para
os cristãos, o altar tem, antes de mais, uma conotação sacrificial: «o altar da
Nova Aliança é a Cruz do Senhor (cf. Heb 13,10), donde dimanam os sacramentos
do Mistério Pascal. Sobre o altar, que é o centro da Igreja, é tornado presente
o sacrifício da Cruz sob os sinais sacramentais» (CIC 1182). Mas predomina o
sentido de refeição eucarística: «o altar […] é também a mesa do Senhor, na
qual o povo de Deus é chamado a participar quando é convocado para a Missa »
(IGMR 296). Junto ao caráter de «ara», acentua-se o de «mesa» (cf. 1Cor
10,21-22, onde se contrapõe a «mesa do Senhor» e a «mesa dos demônios»), porque
o sacrifício único da Cruz (do «altar da Cruz») torna-se agora
sacramentalmen¬te presente, no seu memorial comunitário, em forma de refeição
eucarística. Por isso, especifica-se: «o altar ou mesa do Senhor, que é o
centro de toda a liturgia eucarística» (IGMR 73). «O altar, à volta do qual a
Igreja se reúne na celebração da Eucaristia, representa os dois aspectos de um
mesmo mistério: o altar do sacrifício e a mesa do Senhor, e isto, tanto mais
que o altar cristão é o símbolo do próprio Cristo, presente no meio da assembléia
de seus fiéis, ao mesmo tempo como vítima oferecida para a nossa reconciliação
e como alimento celeste que se nos dá» (CIC 1383). Por isso, o altar é único,
como símbolo de Cristo, nosso único sacerdote e vítima.
Ao
princípio, esta mesa era de madeira: um trípode para os dons eucarísticos. Mas
mais tarde, preferiu-se que fosse de pedra. Nesta opção parece ressaltar a
linguagem simbólica de Cristo, como rocha viva (cf. 1Cor 10,4) ou como pedra
angular (cf. as citações do Salmo 118[117],22, e, no NT, por exemplo, 1Pe
2,4.7s). Agora, recomenda-se que seja de pedra, mas admite-se outra matéria
digna e sólida (cf. IGMR 301).
A
partir do século IV, foi-se relacionando o altar eucarístico com o sepulcro dos
mártires, ou, pelo menos com as suas relíquias. Agora, estas relíquias, não
obrigatórias, devem colocar-se em todo o caso sob o altar, não sobre ele ou
dentro dele (cf. CB 866c).
Nos
primeiros séculos, o altar era independente. Na Idade Média, encostou-se à
parede ou ábside do fundo, e agora de novo se pede que esteja separado da parede,
para poder celebrar de frente para a comunidade e rodear processionalmente o
altar (cf. IGMR 299).
O
altar chama-se «fixo», quando está unido ao pavimento, sem dele se poder mover,
e «móvel», em caso contrário. Prefere-se que o altar principal seja fixo e
consagrado (cf. IGMR 298), enquanto um altar móvel pode ser só «benzido» (cf.
IGMR 300). Os altares «dedicam-se», segundo o Ritual da Dedicação da Igreja e
do Altar, em cujos textos se exprime o simbolismo e a finalidade celebrativa do
altar. O altar só se dedica a Deus e não aos Santos, como a Eucaristia só se
oferece a Deus (cf. CB 921).