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procissão

Vem do latim, pro-cedere (marcha para a frente). Em muitas culturas religiosas tem sentido simbólico caminhar juntos com uma finalidade religiosa, unindo a oração e o movimento. Também na liturgia e na religiosidade popular cristãs tem um lugar destacado este género de movimento, que expressa o sentido dinâmico da Igreja em marcha, ou que visibiliza exteriormente os caminhos internos da conversão ou da festa. A procissão, como «caminhar com outros», de um lugar a outro, manifesta claramente a vontade comum de avançar para uma meta. 
Na Bíblia têm especial significado as grandes marchas do Êxodo ou do regresso do desterro, no AT, e também a subida de Jesus para Jerusalém, à qual Lucas dá tanta importância e, em concreto, a sua entrada na cidade santa, já na preparação da sua próxima Paixão. 
Na história da Liturgia, basta recordar a entrada do bispo de Roma nas «missas papais», depois do percurso, a partir da sua residência até à igreja estacional. 
Ao longo do ano, são muito expressivas as procisões de 2 de Fevereiro, rememorando a Apresentação do Senhor no Templo, «luz para as nações»; a do Domingo da Paixão ou de Ramos, celebrando a entrada de Jesus em Jerusalém; a de Quinta-Feira Santa, levando solenemente o Santíssimo para o lugar da Reserva, para a comunhão de Sexta-Feira Santa; a de Sexta--Feira Santa para adorar a cruz; e a da Vigília Pascal, seguindo o Círio, sím¬bolo de Cristo Luz… 
Na celebração da Eucaristia, há também algumas «procissões», normalmente mais reduzidas, mas com uma intenção muito expressiva: 
• a de entrada, quando entram na igreja o presidente e os outros ministros, enquanto a comunidade entoa o cântico de entrada; às vezes, esta entrada é mais solene, como nas confirmações, primeiras comunhões, ordenações, profissões religiosas, missas estacionais; 
• a do Evangelho, acompanhando o diácono, que o vai proclamar, com círios e incenso, nos dias solenes; 
• a do ofertório, sobretudo quando se faz o oferecimento do pão e do vinho como oferendas da comunidade, vindo, deste modo, do fundo da igreja; 
• a da Comunhão, em que a comunidade se aproxima da zona do altar para participar do Corpo e Sangue de Cristo; 
• nas Missas da liturgia oriental tem especial relevo a pequena e a grande entrada, no princípio e no ofertório. 
Há procissões que se fazem fora da igreja, às vezes pelas ruas de uma povoação, se a sensibilidade social o torna aconselhável: em honra do Santíssimo, como na festa do Corpo e Sangue de Cristo; em honra da Virgem e dos Santos; como rogativas, pedindo por uma grave necessidade; as procissões da Semana Santa, etc. Entre as procissões de religiosidade popular cabe recordar a da via-sacra, a procissão das velas, em Lurdes ou em Fátima, as peregrinações aos santuários marianos ou outros. 
Há celebrações sacramentais em que a procissão ocupa um lugar privilegiado, como a marcha para o Baptistério, para o Baptismo, depois da celebração da Palavra. E, sobretudo, nas exéquias, que, quando se podem celebrar com todas as «estações», contêm uma procissão, da casa para a igreja, e outra depois, da igreja para o cemitério. A primeira é acompanhada, sendo possível, pelo canto do Salmo 113 [114] («quando Israel saiu do Egipto»), «recorda as sucessivas entradas do defunto na assembleia cristã, e também o seu acolhimento definitivo na assembleia dos Santos (Celebração das Exéquias). A segunda é o símbolo da sua orientação para a assembleia do céu, com o canto do salmo 117 («dai graças ao Senhor porque é bom»): é a última viagem do defunto.