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Oração Eucarística

A «Oração Eucarística» é a oração central da Missa, que o presidente proclama em nome de toda a comunidade (cf. IGMR 78-79). 
Antes de mais, contém um louvor a Deus Pai, pela História da Salvação, variável segundo os tempos e as festas: o chamado «Prefácio». A comunidade intercala a aclamação do «Sanctus», e o sacerdote presidente prolonga ainda – às vezes bastante demoradamente, como na Prece IV – este louvor a Deus, que não só se refere à criação e ao AT, mas também alcança Jesus Cristo. 
Segue-se a memória e o oferecimento do que Jesus realizou no seu Mistério Pascal; em relação à sua entrega sacrificial, recita-se o relato da instituição da Eucaristia na Última Ceia, repetindo as palavras que Ele pronunciou sobre o pão e o vinho. 
Esta oração contém uma dupla ¬epi¬clese ou invocação do Espírito, para que transforme os dons do pão e do vinho e também a comunidade que vai comungar deles. Esta dupla epiclese ocupa um lugar diferente, segundo os vários ritos litúrgicos: nos orientais (e no hispânico) as duas invocações estão juntas, depois do relato da instituição. Na Liturgia Romana (e na Alexandrina) a primeira invocação precede o relato (chama-se pré-consacratória ou sobre os dons), e a segunda vem depois (pós-consacratória ou de comunhão). 
A Oração conclui com uma prece de intercessão e comunhão com a Igreja dos bem-aventurados, dos defuntos e das comunidades cristãs dispersas por todo o mundo. 
A comunidade vai sublinhando com as suas aclamações os diversos momentos da oração proclamada pelo presidente: o louvor ao Pai com o «Sanctus», a memória pascal de Cristo com o «Anunciamos a vossa morte» ou equivalentes, e com o «Ámen» depois da doxologia conclusiva. Algumas preces novas – como a ecuménica A festa da vida – contêm coerentemente também uma aclamação invocando o Espírito. 
Com claros antecedentes judaicos – na bênção («berakah») ou na acção de graças da ceia pascal (a «birkhat há-mazon») ou a oração sacrificial de louvor («todah») – a Oração cristã teve, nos primeiros séculos, um desenvolvimento variado segundo as diversas regiões da Igreja, até chegar às formulações que já conhecemos: por exemplo, no Ocidente, a Oração de Hipólito (ano 220) – agora assumida em grande parte como a Oração Eucarística II do Missal – e, no Oriente, várias das anáforas siríacas e alexandrinas: a de Basílio, Serapião, Marcos, das *Constituições Apostólicas, etc. No Ocidente, cristalizou já no século IV a Oração que ainda se chama «Cânone romano». 
No Oriente, a característica foi a variedade das Orações, mas, ao mesmo tempo, a invariabilidade dentro de cada uma delas. Enquanto que, em Roma, o que era móvel era a primeira parte da Oração, o prefácio, enquanto que a partir do «Sanctus» sempre foi invariável, até que, em 1967, Paulo VI publicou as três novas Orações do Missal, deixando intacta praticamente a primeira, o «Cânone romano». Em 1973, com a carta Eucharistiæ Participationem, desautorizaram-se as orações privadas que se iam publicando, deixando a criatividade futura nas mãos das Conferências Episcopais, com aprovação de Roma. Assim, em 1974, apareceram outras Orações, como as duas da Reconciliação, as três para as Missas com Crianças, e outras aprovadas por diversos Episcopados.