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Lucernário

Lucernário

É um rito de várias culturas e religiões e, em particular, do Judaísmo, sobretudo na entrada do Sabath e das grandes festas. Consiste em acender as luzes, ritualmente, ao cair da tarde. Em latim, dizia-se lucernare (de lucerna, lâmpada). 
Os cristãos celebraram-no desde muito cedo, como no-lo descreve Hipólito, nos princípios do século III. No ága¬pe comunitário, diziam-se orações de louvor a Deus, porque nos fez chegar ao início da noite «cheios da luz do dia, criada por Vós para nossa plenitude, e também porque agora, graças a Vós, não temos falta da luz do entardecer. Nós vos louvamos pelo vosso Filho Jesus Cristo…» (Trad. Apostólica 25). Jogando com o rico simbolismo da luz, passa-se muito facilmente da luz cósmica à luz que é Cristo. 
Na liturgia bizantina e na ambrosiana ou milanesa, ainda hoje, as Vésperas começam com um rito lucernar, com orações e cânticos referentes à luz. Na liturgia romana, a Vigília Pascal inicia-se assim mesmo com um solene rito lucernar, à volta do fogo novo, do qual se acende o Círio Pascal que, de seguida, comunica a sua luz aos círios particulares, como símbolo da nossa participação na luz de Cristo. O lucernário termina com o Precónio Pascal. 
Não estaria mal que, na oração vespertina familiar ou mesmo na oficial de Vésperas, o rito inicial fosse um lucernário, procurando formas apropriadas e pedagógicas para aproveitar o simbolismo da luz de Cristo, ao cair da tarde. O cântico mais apropriado seria Luz esplendente da santa glória, o antiquíssimo Phos hilarón, cantado a Cristo como luz esplendente do Pai.