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O canto é um dos elementos mais importantes da celebração litúrgica. A sua motivação e a sua dinâmica encontram-se, sobretudo, em dois documentos: a instrução Musicam sacram, de 1967, e a Introdução à Liturgia das Horas (1971: IGLH 267-284).
O canto exprime e realiza as nossas atitudes interiores. Tanto na vida social como na cultual-religiosa, o canto não só exprime, como, em certa medida, realiza os sentimentos interiores de louvor, adoração, alegria, dor, súplica. «Não se pode considerar mero adorno, extrínseco à oração. Antes, irrompe das profundezas da alma de quem reza e louva ao Senhor» (IGLH 270). «A celebração do Ofício divino com canto é a forma mais condizente com a natureza desta oração. Além disso, ela marca também uma solenidade mais completa, ao mesmo tempo que traduz uma união profunda dos corações no canto dos louvores de Deus. Por isso, vivamente se recomenda àqueles que celebram o Ofício divino no coro ou nas comunidades» (IGLH 268).
O canto fomenta a unidade e exprime os sentimentos comunitários: pode-se dizer que o canto faz comunidade. Além disso, cria um clima mais solene e festivo na oração: «nada mais festivo e mais desejável, nas ações sagradas do que uma assembléia que, toda inteira, expressa a sua fé e a sua piedade por meio do canto» (MS 16). «O que ama, canta», como disse Santo Agostinho.
A introdução à Liturgia das Horas exprime bem os valores do canto, assim como o critério da «solenidade progressiva», pelo que se ressaltam especialmente com o canto os momentos mais importantes da celebração e também as celebrações mais expressivas no conjunto da semana ou do ano litúrgico (cf. IGLH 272-284).
O canto tem, na Liturgia, uma função ministerial: não é como um concerto, em que se canta pelo canto em si e pelo seu prazer artístico. Aqui, o canto ajuda, sobretudo, a que a comunidade entre mais em sintonia com o mistério que celebra. Ao mesmo tempo, cria um clima de união comunitária e festiva, ajuda pedagogicamente a exprimir a nossa participação no mais profundo da celebração.
Assim, o canto converte-se em «sacramento», tanto do que nós sentimos e queremos dizer a Deus, como da graça salvadora que nos vem dele.

Segundo o Catecismo, «o canto e a música desempenham a sua função de sinais, dum modo tanto mais significativo, quanto “mais intimamente estiverem unidos à ação litúrgica”, segundo três critérios principais: a beleza expressiva da oração, a participação unânime da assembléia nos momentos previstos e o caráter solene da celebração. Participam, assim, da finalidade das palavras e das ações litúrgicas: a glória de Deus e a santificação dos fiéis» (CIC 1157).