ato penitencial

Dentre os diversos momentos penitenciais
da liturgia cristã, chama-se «ato penitencial» a uma breve oração que se diz no
rito de entrada da Missa: depois da saudação e da primeira monição, «o
sacerdote convida ao ato penitencial, o qual, após uma breve pausa de silêncio,
é feito por toda a comunidade com uma fórmula de confissão geral e termina com
a absolvição do sacerdote» (IGMR 51).
Apesar de Paulo VI, na sua constituição
apostólica Missale Romanum, que precede o Missal, afirmar que, entre as coisas
que se restabeleceram «de acordo com a primitiva norma dos Santos Padres», está
«o rito penitencial ou de reconciliação com Deus e com os irmãos, no início da
missa, rito ao qual, como era conveniente, foi restituída a sua importância»,
há que dizer que em sentido próprio este ato penitencial é uma novidade da
presente reforma. Havia elementos penitenciais ao longo da missa, no Missal de
S. Pio V, um diálogo entre o sacerdote e os ministros, com a recitação do Salmo
42 («Iudica me Deus») e o Confiteor, mas não houve nunca oficialmente, como
agora, uma oração penitencial de toda a comunidade no começo da celebração. O
que há que recordar é que, com o Movimento Litúrgico, a partir dos anos
quarenta do séc. XX , as «orações ao pé do altar», do sacerdote e do acólito,
distenderam-se para o sacerdote e toda a comunidade.
Embora seja uma novidade, este ato
penitencial é um elemento inte¬ressante e pode resultar pedagógico. A
-comunidade, não antes de comungar (como se fazia antes, com outro Confiteor)
ou depois das leituras (como também teria muito bom sentido), mas já antes de
escutar a primeira leitura, pede a Deus que a purifique, que lhe dê força, e
invoca Cristo, seu Senhor, pedindo-lhe a sua ajuda. Também para escutar, com
proveito, a Palavra de Deus – a «primeira mesa» para a qual o Senhor nos
convida – necessitamos de um coração purificado. Começamos a celebração com
atitude de humildade, de pobreza, conscientes da nossa debilidade e, ao mesmo
tempo, com confiança em Deus.
Há três modelos de ato penitencial no
nosso Missal. O primeiro é a recitação comunitária do «Confiteor» (Eu
confesso). O segundo é um breve diálogo: «Senhor, tende misericórdia de nós,
porque pecamos contra vós…» O terceiro é uma série de aclamações a Cristo, o
Senhor, com a resposta «Senhor, tende piedade de nós», ou seja, incorporando o
«Kyrie» ao ato penitencial.
A dinâmica deste momento é como se
segue:
• o presidente faz um convite à atitude
de humildade e confiança;
• segue-se um momento de silêncio geral;
• então, realiza-se a oração, numa das
três formas acima descritas;
• e tudo termina com o que se chama
«oração de conclusão», que é uma «absolvição» em forma de petição.
Nas últimas edições do Missal,
oferecem-se sete formulários de convite, mais de vinte formulários completos
para as três aclamações cristológicas, segundo os diversos tempos do ano. A
conclusão é sempre a mesma: «Deus todo-poderoso, tenha compaixão de nós…» O tom
é mais de reconhecimento da grandeza, da santidade e da bondade de Deus, ou de
Cristo, que da nossa miséria. As aclamações começam quase sempre com a
expressão: «Vós que…», descrevendo ou confessando a nossa situação de pecado.
Sendo importante, o ato penitencial não
é absolutamente necessário na estrutura da Missa. Pode-se, segundo os livros
litúrgicos, suprimir quan¬do no rito de entrada há outros ele¬mentos equivalentes:
uma procissão especial (Domingo de Ramos, exéquias, entrada do Bispo…), os Salmos
de Laudes ou Vésperas, a aspersão dominical, etc. Noutras ocasiões, como em
Quarta-Feira de Cinzas, traslada-se para depois das leituras, convertido no
gesto simbólico da impo¬sição das cinzas, respondendo assim ao convite das
leituras à conversão quaresmal.