ágape
Do grego, ágape (amor). Diz-se da
refeição (ceia) comunitária dos cristãos dos primeiros séculos, distinta da
Eucaristia, mas também com um certo tom litúrgico, com orações e cân¬ticos e,
às vezes, com a presença do bispo. Teve também uma conotação de beneficência
para com os pobres e mais necessitados da comunidade.
Comer em fraternidade e com sentido
religioso era comum, tanto na religiosidade pagã como na judaica. Os cris¬tãos,
além da celebração eucarística, também praticaram este tipo de refeições.
Talvez já tenhamos alusões no NT, por exemplo, quando Paulo em 1Cor 11 fala de
uma ceia, que parece, precedia a Eucaristia propriamente dita. Pode ser que as
orações que, na *Didakê, nos capítulos 9 e 10, se oferecem para a ação de
graças do pão e do vinho pertençam a este tipo de refeições fraternas, e não à
Eucaristia. Hipólito, nos começos do século III, fala, na sua Tradição
Apostólica (25-26), de umas refeições muito formais, com orações e participação
da comunidade, mas quer que não se confunda este «pão benzido» (eulogia) com o
verdadeiro Corpo de Cristo (que só se dá na Eucaristia). Muitas vezes, a união
destes ágapes dava-se ao acender das lâmpadas, ao cair da tarde (o lucernário).
S. Paulino de Nola, no século V, parece
ser o último testemunho da existência deste tipo de reuniões de mesa, ainda que
se possam considerar resquícios deste costume, por exemplo, as ceias de
Quinta-Feira Santa (que Santo Agostinho testemunha no Norte de Áfri¬ca) e
outros gestos de beneficência unidos à refeição fraterna, que se mantiveram na
Igreja.
Seria interessante aprender daqueles
ágapes o bom sentido que têm para uma família ou comunidade cristã «abençoar a
mesa», louvando a Deus por no-la ter concedido, e também a solidariedade que
sempre deveríamos ter com os pobres. No Cerimonial das Bênçãos encontramos
quatro esquemas para esta bênção da mesa familiar.
Também teria bom sentido prolongar com
algum tipo de refrigério amável a celebração de Eucaristias como a da Noite de
Natal e a da Vigília Pascal.